Judeus franceses estão fugindo para Israel por medo da crescente violência

Membros da maior população judaica da Europa procuram uma vida nova em Israel e são recebidos com festa. 

Perante os elevados níveis de antissemitismo, muitos dos judeus franceses estão a juntar-se a um êxodo para Israel. De acordo com os dados da Agência Judaica, um terço de todos os judeus franceses que emigraram para Israel – desde a sua fundação em 1948 – fizeram-no durante os últimos 10 anos. A Lei de Regresso de 1950 permite que qualquer judeu, de qualquer parte do mundo, se torne cidadão israelita com direito a vários benefícios governamentais, incluindo ajuda financeira, incentivos fiscais, cursos gratuitos de hebraico e voos gratuitos para Israel. Em 2015, quase 8000 judeus franceses fizeram o que se conhece por Aliyah – ascensão à Terra Santa – o maior número de qualquer nação ocidental num único ano.

França é o lar da maior população judaica da Europa, a terceira maior do mundo a seguir a Israel e aos Estados Unidos. No entanto, esta comunidade histórica – que remonta à conquista romana de Jerusalém e à expulsão da população judaica que aconteceu há 2000 anos – está a atravessar uma crise existencial.  

O ministro da Administração Interna francês alertou que o sentimento anti-judaico se está a espalhar como se fosse veneno. E o primeiro-ministro Edouard Philippe admitiu que o antissemitismo está profundamente enraizado na sociedade francesa.

De acordo com uma sondagem publicada em março, em França, cerca de 89% dos estudantes judeus afirmam terem sido vítimas de abusos antissemitas. Em 2017, os judeus foram alvo de quase 40% dos incidentes violentos classificados como raciais ou religiosos, apesar de constituírem menos de 1% da população francesa. Em 2018, os atos antissemitas aumentaram em quase 75%.

A atual vaga de imigração começou depois do massacre de Toulouse em 2012, onde um extremista islâmico nascido em França abriu fogo sobre uma escola judaica, matando um jovem rabino que estava a tentar proteger os seus filhos de 3 e 6 anos. O atirador acabou por matar as duas crianças e uma menina de 8 anos. Em Paris, 3 anos mais tarde, um atirador fiel ao ISIS matou 4 clientes num supermercado kosher. “Nos dias seguintes, recebemos milhares de telefonemas de pessoas a dizer que queriam sair do país”, diz Ouriel Gottlieb, diretor da Agência Judaica em Paris. “Das 4 pessoas assassinadas no Hyper Casher, 3 das famílias mudaram-se para Israel.”

“O governo francês não está a fazer nada para combater o antissemitismo”, diz Yohanane Elfersi, de 64 anos, que vai abandonar França porque o êxodo em curso esvaziou a sinagoga do seu bairro. “Quando as coisas acontecem, eles dizem que é muito triste e que estão com os judeus. Mas depois os assassinos vão a julgamento e dizem que são loucos e que não têm culpa.”

Alguns judeus dizem que a negligência do governo os está a obrigar a sair do país, mesmo quando preferem ficar. Stella Bensignor trocou um subúrbio de Paris por outro depois de ter sido alvo de dois ataques. No primeiro caso, a sua casa foi invadida e todos os itens judaicos foram destruídos. Dois meses depois, alguém escreveu “JUDEU” em letras gigantes no seu carro. A polícia disse a Stella para ela se mudar para outro bairro. E uma organização antirracismo sugeriu que a sua família se mudasse para Israel. “Não queremos fugir de França, mas isto foi há dois anos e as coisas só pioraram. Eu sei que vamos ter de ir para Israel.”

Texto adaptado da Natgeo.pt

Curvelo (MG) 12/12/2019 – 08:34h

José Carlos Martins
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