Grupo UOL/Folha mente na cara dura para prejudicar governo

UOL/Folha divulga dados falsos sobre gastos com universidades no Brasil.

Segundo levantamento do site caneta.org , que reproduzimos na integra,

O UOL (controlado pelo Grupo Folha) publicou neste sábado (04) a matéria “Brasil é o último colocado em gastos com universitários, diz OCDE“. O texto foi escrito por Jamil Chade e esteve na capa do UOL por toda a manhã de sábado.

Entretanto, há menos de dois anos a Folha publicou a matéria “Brasil está entre os que menos gastam com ensino primário, mas tem investimento ‘europeu’ em universidade“, escrita por Daniela Fernandes da BBC, informando basicamente o oposto do que Jamil Chade escreveu, inclusive com dados muito diferentes, apesar da fonte similar (OCDE).

A Caneta resolveu checar quem está mentindo nesta história.

Números conflitantes

Escrita em setembro de 2017, a matéria da BBC menciona o estudo da OCDE que gerou os dados (“Um Olhar sobre a Educação”, Education at a Glance em inglês) e menciona, corretamente, que o Brasil gastou quase US$ 11,7 mil com cada estudante universitário por ano. É um arredondamento da versão 2017 do estudo (disponível aqui), a qual mostra, na página 177, que os gastos públicos e privados com educação superior no Brasil foram de US$11.666 em 2014 (ano em que os dados foram coletados).

á a matéria capa do UOL escrita por Jamil Chade e publicada neste sábado (04) mostra um número completamente diferente: “magicamente” os gastos anuais com ensino superior no Brasil teriam caído, em um ano, para US$3.722 por estudante. A única fonte mencionada é um “levantamento da OCDE”, sem indicar qual, e há prints de um site da OCDE (provavelmente este, com os dados “momentaneamente indisponíveis”).

Entretanto, o próprio site da OCDE menciona que a última publicação da entidade sobre o tema é o Education at a Glance 2018. E é aí que as coisas ficam feias para o “jornalista” do UOL.

 

Dados reais são bem diferentes da fake news divulgada pelo UOL

De acordo com a versão 2018 do estudo (disponível aqui), os gastos com ensino superior no Brasil cresceram 22,2% em um ano, chegando a $14.261 em 2015 (ano dos dados analisados pelo estudo). É o que mostra a página 264 do estudo:

Portanto, os dados divulgados pelo “jornalista” Jamil Chade são falsos: de acordo com a própria OCDE, o Brasil gasta quase 4 vezes mais anualmente por aluno do ensino superior do que a matéria escrita por ele afirma. Ainda que este tenha sido um erro do site da OCDE e não do “jornalista”, bastava verificar o estudo completo, como fizemos, para perceber a inconsistência. E fica pior.

 

Nem o título se salva: Brasil não é o último colocado em gastos com universitários

Com um erro tão grande que poderia ter sido evitado apenas consultando o estudo completo, nem o título da matéria de Jamil Chade se salva.

Baixamos a tabela com os dados da OCDE relacionados aos gastos anuais por aluno do ensino superior (disponível aqui), removemos os dados relacionados a outras fases do ensino e os países que não forneceram dados, e a ordem que obtivemos foi esta:

Como é possível perceber, a matéria da BBC estava correta em afirmar que o Brasil possui gastos europeus com cada aluno do ensino superior: somos o 16° entre 36 países que mais gastam com universitários. A matéria de Jamil Chade no UOL mentiu também no título.

 

A cereja do bolo: OCDE recomenda que o Brasil gaste MENOS com ensino superior e mais com ensino básico

Portanto, já está claro que o UOL passou o dia divulgando uma enorme notícia falsa em sua capa. Mas não poderíamos deixar de comentar um outro estudo da OCDE que recomenda ao Brasil reduzir os gastos com ensino superior e aumentar os gastos com ensino básico.

De acordo com a Página 30 do Economic Survey Brazil 2018 (disponível aqui):

“O setor público do Brasil gasta 5,4% do PIB com educação, acima da média da OCDE e de outros países da América Latina. Colômbia, México e Uruguai gastam menos por estudante do que o Brasil, mas obtém melhores resultados no PISA da OCDE do que o Brasil. (…) Transferir os gastos do ensino superior para o ensino pré-primário, fundamental e médio aumentaria a progressividade e eficiência. O ensino superior estatal e gratuito tende a beneficiar estudantes de famílias com alta renda, dado que os formados em escolas de ensino médio privadas têm melhores notas nos vestibulares. Por outro lado, a educação pré-escolar reduz significativamente a probabilidade de que estudantes sem privilégios deixem o sistema de educação no futuro”.

Em outras palavras: de acordo com a própria OCDE que o UOL usou como fonte, o Brasil precisa gastar menos com ensino superior e mais com ensino pré-primário e fundamental.

Perfeito levantamento do site Caneta.org, conclusão também perfeita.

Referências linkadas no texto

 

José Carlos Martins

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.